quinta-feira, 4 de junho de 2009

Regra para o leilão de eólica criará "reserva" de mercado

by Ivo Pugnaloni 0 comments

“Investidores em parques eólicos e fabricantes de aerogeradores que estavam de olho no novo mercado saíram descontentes com o artigo que impõe a restrição de importações.” (DCI - 02/06/2009)´

Acho que não precisaria nem comentar.


Quanto a não poder ser permitido importar equipamentos usados, tudo bem. O edital está coerente.Afinal que garantias teria o governo da qualidade desses equipamentos?


Mas dizer qual deve ser a potencia máxima ou mínima da turbina que pode ser importada é meio complicado, pois feriria o princípio da isonomia e da impessoalidade, dando margem a contestações judiciais quanto a um possível “direcionamento” do edital.


Aliás, fosse eu lobbista dos que desejam que a energia eólica não seja implantada no Brasil nas proporções e velocidade em que o mundo está caminhando nesse sentido, estaria a essa hora, torcendo para que no edital do Leilão de Eólica figurassem muitas restrições e maluquices como essa.


Quanto mais maluquices melhor!


Exatamente para provocar recursos, embargos, ações judiciais, etc,etc...
E enquanto os eólicos brigassem entre eles ou com o governo na justiça, minhas velhas máquinas ocupariam cada vez mais  espaço na matriz de geração e de consumo...


É lamentável que enquanto o mundo corre numa direção, o Brasil, empurrado por lobbys conhecidos, caminhe sempre na direção contrária...


E sempre através desse tipo de ressalvas, chicanas jurídicas, pequenos detalhes legais, modificações de ultima hora, espertezas...que depois de feitas e explodirem na cara de todo mundo, ninguém sabe quem é que fez...


Lamentável, profundamente lamentável.

 

Notícias na íntegra:

Regra para o leilão de eólica criará "reserva" de mercado

SÃO PAULO - Começou mal a divulgação dos trâmites finais para a realização, em 25 de novembro, do primeiro leilão específico para geração de energia eólica no Brasil. Investidores em parques eólicos e fabricantes de aerogeradores que estavam de olho no novo mercado saíram descontentes com o artigo que impõe a restrição de importações desses equipamentos. Segundo a portaria 211 publicada pelo Ministério de Minas e Energia (MME), os equipamentos devem ser novos, sem utilização anterior e os importados serão aceitos apenas com potência nominal superior a 2 mil kW, o que exclui os best-sellers da GE nos Estados Unidos, que possuem capacidade de 1,5 MW e estão presentes em cerca de 50% do mercado daquele país, e da Vestas, que possui um aerogerador de 1,85 MW, o mais vendido do mundo.

De acordo com Lauro Fiúza, presidente da Associação Brasileira da Energia Eólica (Abeeólica), 99% dos associados estão descontentes com a medida, pois significa uma reserva de mercado, um possível aumento de preços e menor rentabilidade. O motivo da bronca do executivo é que esse ponto não foi discutido durante os 12 meses de conversas da entidade com os planejadores do sistema elétrico, inclusive com uma viagem à Espanha, não se cogitou essa imposição, fruto da experiência do Proinfa, que na opinião do diretor presidente da Siemens no Brasil, Adilson Primo, não foi tão bem sucedida ao viabilizar projetos de 600 MW.

A diretora de Energias Renováveis da Iberdrola, Laura Porto explica que a imposição dessa regra foi uma surpresa para a empresa porque, conforme disse Fiúza, esse ponto não havia sido discutido em função do Proinfa e a exigência do índice de nacionalização imposta no programa federal. "Esse item [índice de nacionalização] não foi debatido nas reuniões porque tinha sido afastada a possibilidade face a experiência anterior", revelou ela que já ocupou o cargo de diretora de Desenvolvimento Energético no MME.

A executiva definiu a exigência de um limite na potência dos aerogeradores como uma medida ineficiente por parte das autoridades do setor elétrico. "Creio que o índice de nacionalização e essa restrição só poderiam ser dados se houvesse um programa de longo prazo. Como esse leilão é de reserva, a competitividade ficará sob risco", avaliou Laura Porto.

O presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, esteve envolvido nas definições das diretrizes publicadas na última sexta (29).

Ventos diferentes

"Impor essa restrição, não significa que a tarifa será mais cara, pelo contrário, deverão ser mais baratas por MW produzido", disse Fiúza. "Acontece que um equipamento pode não ser mais apropriado para um determinado parque eólico, pois os ventos do Sul não são os mesmos encontrados no Nordeste, depende da localização dos parques", justificou ele.

Essa é a mesma posição de Primo. A Siemens, que em quatro anos instalou mais de 6 mil turbinas eólicas pelo mundo e produz esse tipo de equipamento em fábricas na Dinamarca, China e Estados Unidos, não coincidentemente países que possuem políticas de incentivos a esta fonte energética, disse que tem capacidade de fornecer aerogeradores dessa capacidade ao Brasil.

Porém, segundo Lauro Fiúza da Abeeólica, o maior problema de impor esta restrição neste momento é que muitos projetos já estavam delineados e com os equipamentos escolhidos. Ele disse que agora as empresas terão que revisar tudo, faltando apenas 20 dias para terminar o prazo legal para as inscrições na EPE. Apesar das duras críticas feitas ao artigo que determina essa imposição, a portaria que publicou as regras do leilão foi elogiada. Para Fiúza, o regulamento é muito bom fruto de várias conversas e consultas publicas.

No momento a entidade, por meio da PSR Consultoria analisa as regras e de antemão afirma que o único ponto que ainda falta definição é o de linhas coletoras. Para Laura Porto, o resultado foi bom e a executiva classificou as diretrizes como "muito aprofundadas". No Brasil as únicas empresas que produzem aerogeradores são a Wobben e a Impsa Wind. A GE fabrica componentes diversos assim como a Clipper. A Suzlon mescla importação e produção nacional.

Fonte: DCI - 02/06/2009

Comments 0 comments

Ivo Augusto de Abreu Pugnaloni
Engenheiro eletricista, ex-diretor da COPEL, atual diretor da ENERCONS Consultoria em Energia Ltda.
ivo@enercons.com.br

Receba novos posts por e-mail

Parcerias

Portal PCH CERPCH

Categorias

Apresentações

IV Conferência de PCH - Mercado & Meio Ambiente

IV Conferência de PCH - Mercado & Meio Ambiente
Ivo Pugnaloni apresenta contra a proposta da ANEEL que defende fim do critério das terras para autorizar PCHs.

________________________________

Comissão de Agricultura e Desenvolvimento Rural da Câmara

Mudanças na Regulamentação de Pequenas Centrais Hidroelétricas pela Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL
Apresentação de Ivo Pugnaloni contra a proposta da ANEEL , que instituiu a preferência exclusiva, para o autor do inventário, no processo de autorização de PCHs.