quarta-feira, 27 de maio de 2009

Nem tanto ao céu, nem tanto à terra

by Ivo Pugnaloni 0 comments

"IMPSA WIND DEFENDE ÍNDICE DE NACIONALIZAÇÃO EM LEILÃO DE EÓLICAS PARA MANTER COMPETITIVIDADE

Companhia teria capacidade para produzir equipamentos suficientes para os projetos vencedores do leilão de eólicas" (Agência CanalEnergia - 19/05/2009)

A IMPSA, em parte, pode ter suas razões em reclamar contra a taxa de nacionalização zero para empreendimentos eólicos.

Afinal, enquanto outros fabricantes hesitavam em implantar suas fábricas de aero-geradores no Brasil, essa tradicional empresa argentina, investiu quase 140 milhões de reais em uma fábrica em Recife. E deve ter sua recompensa por isso.

Mas o governo não pode pensar só na IMPSA, mas sim no setor de energia eólica como um todo.

E a IMPSA não pode alegar que, de repente, foi “surpreendida por mudanças na política”, se essa política era burra, irracional e não levou a nada, pois os parques estão atrasados por falta de possibilidade real de construir uma usina eólica por não ser possível atingir o índice estipulado anteriormente.
A ninguém é lícito pensar em montar um a fábrica no Brasil só porque uma lei atual é visivelmente absurda e deverá ser mais cedo ou mais tarde alterada. E tenho certeza que a IMPSA não pensou assim quando decidiu, corajosamente, montar sua fábrica.

Leis burras não podem prevalecer e quem apostar nisso para construir seu futuro está apostando na burrice perpétua e imutável de uma sociedade em evolução, o que é muito ariscado, embora possa ser, durante um período, muito lucrativo.

Mas se, por um lado, manter o índice de nacionalização em 65% só para satisfazer a IMPSA, num momento em que precisamos na verdade viabilizar todos os parques contratados e atrasados, seria um tratamento excessivamente dirigido e incompatível com a impessoalidade que devem cercar as ações de um governo, rebaixá-lo a zero absoluto é desmerecer completamente a atitude de um fabricante que afinal de contas, está aí.

Quem sabe, se a virtude, mais uma vez não estará no meio, já como dizia Confúncio?
Conhecendo o presidente Lula há 30 anos, tenho certeza que, se perguntarem a ele, a resposta seria:
“Pessoal, seria muito ruim se esse índice passasse a ser de 30% de 2009 até 2010, de 45% até 2011, de 60% até 2012 e de 75% daí por diante?"


Notícia na íntegra:

Agência CanalEnergia - 19/05/2009
A Impsa Wind, umas das fabricantes de equipamentos eólicos instaladas no Brasil, defende que seja determinado um índice de nacionalização para o leilão de eólicas, previsto para acontecer no dia 25 de novembro. Segundo Paulo Ferreira, gerente comercial da empresa, quando foi estabelecido o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia, existia um marco regulatório muito claro que imbutia a exigência de um conteúdo nacional para a compra de equipamentos.

"A sinalização para o investidor internacional era de que o governo estaria realmente disposto a promover a industrialização do país. Com base nessa percepção, fizemos um investimento de quase R$ 140 milhões na fábrica", afirmou o executivo. Ferreira, que participou do Fórum ABEEólica - CanalEnergia - Potencial e Investimentos em Energia Eólica no Brasil, realizado no Rio de Janeiro, disse ter ficado surpreso com as recentes declarações de representantes do governo de que o leilão de eólica poderia ter índice zero de nacionalização.

"De repente, somos surpreendidos com mudanças na política, que ao lado da inexistência do imposto sobre importação, na prática torna mais interessante e competitivo o fornecedor estrangeiro", comentou Ferreira. Ele explicou que o fabricante nacional possui uma cadeia de impostos que incide sobre toda a cadeia produtiva. "Esses impostos são cumulativos, e o fabricante estrangeiro não está sujeito a essa carga tributária", disse.

Uma das opções em estudo pelo governo é que os fabricantes nacionais tivessem algum tipo de isenção, para poderem competir com os fabricantes estrangeiros. Para Ferreira, o benefício que existe hoje no Brasil, que seria a desoneração tributária cadeia produtiva, infelizmente não acontece. "Existem inúmeras outras indústrias que vem batalhando há anos buscando a desoneração, sem sucesso", frisou.

Segundo o executivo, atualmente a Impsa Wind tem capacidade para produzir equipamentos para 600 MW por ano e que seria possível, em pouco tempo, chegar a 1 mil MW por ano, montante que, segundo estimativas de entidades do setor, será contratado no leilão. "Os investimentos que eu preciso fazer para chegar a produzir 1 mil MW só na minha fábrica são investimentos com tempo de maturação de seis meses", estimou o gerente.

"Se eu recebesse hoje um pedido para fabricar 1 mil MW por ano, eu atenderia. Eu preciso apenas comprar um forno e uma ponte rolante, que tem prazos de entrega muito curtos", continuou Ferreira. Ele disse ainda que muito provavelmente, a Wobben, outra fabricante do país, teria as mesmas condições, o que faria com que o país tivesse capacidade para produzir equipamentos para 2 mil MW.

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Ivo Augusto de Abreu Pugnaloni
Engenheiro eletricista, ex-diretor da COPEL, atual diretor da ENERCONS Consultoria em Energia Ltda.
ivo@enercons.com.br

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